Em decorrência do ano eleitoral de 2024, bem como a Lei Federal nº 9.504/1997, que estabelece normas gerais para eleições e determina as condutas vedadas aos agentes públicos, configurando algumas condutas como abuso de poder, bem como a infringência ao art. 37, §1º da Constituição Federal, as notícias deste site estão desabilitadas até o fim do período eleitoral.

X Fórum Social Pan-Amazônico abre horizontes para empreendedores paraenses

A manicure e crocheteira Eliza Lisboa, de 37 anos, ficou empolgada quando mais de 60 potes de geleia foram vendidos em um único dia durante o X Fórum Social Pan-Amazônico. “Eu nunca imaginei vender assim, se a gente tiver a oportunidade de vender para as pessoas de fora. Elas têm mais interesse em levar os produtos para dar de lembrança, nossos sabores são únicos”, explica a fabricante de cocadas e geleias. Nos dois dias de evento, foram mais de 100 potes de geleia despachados em sua maioria para pessoas de fora do estado, os sabores mais procurados eram principalmente cupuaçu.

Ela é uma das 38 pessoas que receberam qualificação profissional pela Prefeitura de Belém, com os cursos de processamento de frutas e produção e doces e panificação artesanal, realizados para os moradores do bairro do Jurunas, em outubro do ano passado, em uma ação conjunta do Programa de Saneamento da Bacia da Estrada Nova (Promaben) e do Banco do Povo de Belém, por meio do programa Donas de Si.

Os participantes, moradores do bairro do Jurunas, que fica na área de influência das obras do Promaben, foram escolhidos entre os que recebiam auxílio moradia e atendidos pelo Bora Belém. Os cursos tiveram duração de 40 horas-aula e, também, contaram com o apoio da Fundação Papa João XXIII (Funpapa) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

A perspectiva de seguir um novo rumo agradou Eliza. “Manicure tem data de validade, logo as costas não vão mais aguentar e poder viver da venda de doces, dá uma esperança na gente”, celebra. Eliza vem incrementando a renda com a comercialização doces. “No início, eu tive um pouco de medo porque eu não sou muito de cozinha, mas a professora deu as medidas ensinou as regras de segurança, e ficou muito simples. Só que a venda ainda estava devagar porque nós não temos muito costume de consumir geleias, não aqui na minha redondeza”, conta.

Maria Oneide Barbosa de 43 anos, é outra aluna do curso que viu na diversificação de conhecimentos uma alternativa para incrementar a renda que tinha, o trabalho com venda de salgados na bicicleta começou a não ser suficiente quando ela precisou sustentar a casa sozinha. O marido havia sofrido um infarto, os dois filhos pequenos necessitavam de cuidados, e ela já não poderia se ausentar por tantas horas. A autônoma viu os rendimentos caírem e as despesas aumentarem. A chegada da pandemia piorou ainda mais as perspectivas da família. “Agora, eu não dependo mais só dos salgados. Se eu adoeço, como na semana passada, a minha venda de licores e geleia continua. Os clientes pedem pela internet e vão lá em casa buscar”, comemora a comerciante.

A diversificação dos produtos ajudou até a buscar novos clientes. “Hoje, a gente consegue vender os licores também nas festas que tem aqui no bairro”, conta. Aos poucos Maria Oneide começa a deixar para trás os dias de incerteza da pandemia. “Com meu marido recuperado, meus filhos ajudando, a gente conseguiu um ponto ao lado do supermercado, temos alguns clientes fixos e já podemos fazer planos para o futuro”, conta entusiasmada.

Qualificação

O curso teve como objetivo qualificar profissionalmente os moradores que serão remanejados para a realização das obras de saneamento nos bairros do Jurunas, Condor e Cremação, como parte do Projeto Social do Promaben. A subcoordenadora Social do Programa, Regina Penna, explica que “Dona Oneide tornou a formação no curso em uma oportunidade para aumentar a renda beneficiando sua família. Esse é um resultado muito importante para o Promaben e para o Governo da Nossa Gente, que não só visam obras de infraestrutura, mas as pessoas, principalmente, as mulheres-solo, apontadas em nosso diagnóstico como maioria nos bairros de intervenção do programa”.

A coordenadora Adjunta do Promaben, Victória Veras, reforça o papel da Prefeitura de Belém, por meio do Programa, de estar junto à população oferecendo meios para qualificação profissional e de vida digna. “É uma grande satisfação ver mulheres que participaram do Programa Donas de Si colocarem esse conhecimento em prática, gerando renda e compartilhando experiência. O Programa trabalha em vários eixos sociais para o empoderamento feminino, estimulando o empreendedorismo e a educação financeira. A expectativa é que possamos qualificar e estimular mais mulheres para o trabalho na construção civil e conseguir inseri-las no contexto das nossas obras, promovendo dessa forma a inserção delas no trabalho formal”, ressalta a Coordenadora Adjunta. 

O Promaben tem ainda previsto no seu Projeto Social cursos de eletricista, pedreiro, instalador hidráulico, atendimento ao cliente, economia solidária, empreendedorismo e plano de negócios.

Por toda Belém

As duas mulheres fazem parte de um universo de 560 pessoas que receberam os cursos do programa Donas de Si, do Banco do Povo de Belém, neste um ano e meio de Governo da Nossa Gente. O projeto qualifica homens e mulheres em vários bairros da cidade e tem potencial de empregabilidade e de encaminhar os participantes para o empreendedorismo por meio do empréstimo solidário.