Quando Joana Coutinho, aposentada, 68 anos, veio morar na antiga Estrada Nova ainda era uma criança de sete anos de idade. A diversão da criançada na época era se jogar na maré do rio Guamá na rampa da Estrada Nova.
Sessenta e um anos depois, ela lembra com saudades dessa época. “Éramos poucos moradores aqui, só tinha minha família e um ou outro vizinho”, recorda apontando as casas. “Quando a maré baixava, ficava igualzinho uma praia, era a diversão da criançada, mas as águas também eram fortes, muita gente perdeu a vida aí”, conta.
Hoje, só no trecho da avenida Bernardo Sayão que vai da Fernando Guilhon até a Quintino Bocaiúva serão recadastrados 265 imóveis, alguns abrigam duas ou três famílias.
“A gente viu isso aqui ser ocupado, meu pai deu o terreno da nossa casa para mim e para o meu marido e aos poucos nós construímos. Hoje é isso que você está vendo, três andares e vários quitinetes. É de onde eu tiro meu sustento”, conta Joana.
Neste trecho, onde se situa a casa de Joana Coutinho, a equipe de 35 profissionais da Prefeitura de Belém, por meio do Promaben (Programa de Saneamento da Bacia da Estrada Nova) e do consórcio TPF/Synergia, deve ficar até o dia 20 de maio conversando com a população, explicando quais os benefícios da obra e quais mudanças devem ocorrer na vizinhança. Os profissionais também recolhem informações para o Cadastro Socioambiental.
A retomada das obras da Bernardo Sayão passa primeiro por conhecer e reconhecer a população que construiu a vida e fez história nesse local e que pode num futuro próximo desfrutar de uma existência mais digna com tratamento de esgoto e moradias adequadas.
Para realizar o trabalho com mais eficácia, o cadastramento socioambiental foi dividido em seis trechos, este ainda é o segundo. A Equipe do Social do Promaben e TFP/Synergia ainda deve chegar a 577 imóveis até julho deste ano.
CADASTRAMENTO FÍSICO – O cadastramento físico está sendo realizado Prefeitura de Belém, por meio da equipe técnica de Engenharia do Promaben e do Consórcio TPF/Synergia, nos imóveis que se localizam na linha das obras do primeiro trecho do Programa já demarcada anteriormente. Esses imóveis também já foram selados com uma placa de identificação do Promaben e as famílias já responderam ao cadastramento social.
É um trabalho meticuloso e demorado. É necessário medir todos os imóveis e os seus terrenos em todos os seus detalhes, incluindo a quantidade de andares que tem, a quantidade e tamanho dos cômodos e a sua localização.
Com esses dados são elaboradas as plantas baixas das edificações e do terreno de todas as unidades habitacionais localizadas no trecho. Essas plantas são georreferenciadas com todas as informações técnicas dos terrenos e benfeitorias necessárias para que sejam produzidos os laudos de avaliação dos imóveis.
Todo esse cuidado é para que se garanta uma avaliação justa dos imóveis, de acordo com os valores atuais dos preços de mercado vigentes.
O cadastramento físico está sendo realizado em 72 imóveis localizados, no primeiro trecho do Promaben, na Av. Bernardo Sayão, entre a Rua dos Mundurucus e Fernando Guilhon.